Ainda que pouca gente esteja familiarizada, não só devido aos diferentes modos de vida como à geografia do ninho de cada um, o futebol de praia na Praia do Pedrogão (Leiria), a par dos festivais de verão onde circula tanta droga que se torna difícil descortinar seja o que for, é um dos eventos mais aguardados pela
cãobada. Ora, este ano a organização está sob a responsabilidade de uma empresa muito conhecida e (mal) afamada dos leirienses e habitantes dos terrenos circundantes, a
Leirisport, empresa camarária cujo capital é detido a cem por cento pelo Município de Leiria. As novidades deste ano são quatro, repartidas pelos dois géneros:
1. Masculino:A inscrição tem a módica quantia de 150 € (!).
2. Feminino:a) A inscrição custa esse número apoucado que são 80 €;
b) Existe um número limitado de 6 (importa realçar que, embora ignore o número de equipas permitidas no sector masculino, os anos transactos mostram que esse número se sustém entre as 20 e as 30 inscrições) equipas inscritas;
c) Os elementos do sexo feminino jogam no intervalo dos rapazes, isto é, horas de almoço (sim sim, franga grelhadinha!) e fim da tarde (21 h???).
Ora, eu cá não sei nada, tão pouco sou ateniense ou grega, sendo, assim, uma cidadã do mundo! Mas cheira-me que, além de estarmos perante uma falta incomensurável de bom senso, se está para aqui a violar qualquer coisita que, olha!!, está presente nessa tão sem-importância Constituição da República Portuguesa, que, estranha e absurdamente, é só a lei suprema a que estamos sujeitos e pela qual se rege o nosso Estado (que não é bem bem nosso ou eu já teria rifado a minha parte). Não sei, penso eu.
Pensasse eu, caso não tivesse mais nada para fazer, em levar este caso de pura misoginia e discriminação às malhas do tribunal, aquilo era julgamentozinho para durar uns bons três minutos, já que pouco há a alegar senão o ponto segundo do Artigo 13.º (Princípio da Igualdade) que diz:
Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.Se se é discriminada por ter sexo, meus amigos!!, o problema é todo vosso! Ter tido uma relação de tal índole em 1987, não fará de vós mamíferos sexualmente activos e nem sequer seres cumpridores das mais básicas necessidades fisiológicas de que foi dotado o ser humano!
Mas tenho para mim que algo se passa aqui. Já não focando muito a avultada maquia necessária para um evento que, julgo eu, existe com o intuito de promover o desporto e manter minimamente limpos os organismos dos jovens.
E não, desta vez não nos prendemos com questões homofóbicas.
A minha primeira acção de rebelião será um telefonemazinho ao energúmeno responsável pela organização, espetando-lhe (as minhas aspas que actuem) no focinho meia-dúzia de coisinhas que metam palavras das quais eu não tenho muitas certezas mas que enriquecem todo um discurso e desorientam o
analfabeto do atrasado do mentecapto do receptor.
Não me torrem a paciência!