quarta-feira, 18 de julho de 2007

O orgão social que era muito feio ou A chacina toca sempre duas vezes

Ainda que pouca gente esteja familiarizada, não só devido aos diferentes modos de vida como à geografia do ninho de cada um, o futebol de praia na Praia do Pedrogão (Leiria), a par dos festivais de verão onde circula tanta droga que se torna difícil descortinar seja o que for, é um dos eventos mais aguardados pela cãobada. Ora, este ano a organização está sob a responsabilidade de uma empresa muito conhecida e (mal) afamada dos leirienses e habitantes dos terrenos circundantes, a Leirisport, empresa camarária cujo capital é detido a cem por cento pelo Município de Leiria. As novidades deste ano são quatro, repartidas pelos dois géneros:

1. Masculino:
A inscrição tem a módica quantia de 150 € (!).

2. Feminino:

a) A inscrição custa esse número apoucado que são 80 €;

b) Existe um número limitado de 6 (importa realçar que, embora ignore o número de equipas permitidas no sector masculino, os anos transactos mostram que esse número se sustém entre as 20 e as 30 inscrições) equipas inscritas;

c) Os elementos do sexo feminino jogam no intervalo dos rapazes, isto é, horas de almoço (sim sim, franga grelhadinha!) e fim da tarde (21 h???).

Ora, eu cá não sei nada, tão pouco sou ateniense ou grega, sendo, assim, uma cidadã do mundo! Mas cheira-me que, além de estarmos perante uma falta incomensurável de bom senso, se está para aqui a violar qualquer coisita que, olha!!, está presente nessa tão sem-importância Constituição da República Portuguesa, que, estranha e absurdamente, é só a lei suprema a que estamos sujeitos e pela qual se rege o nosso Estado (que não é bem bem nosso ou eu já teria rifado a minha parte). Não sei, penso eu.

Pensasse eu, caso não tivesse mais nada para fazer, em levar este caso de pura misoginia e discriminação às malhas do tribunal, aquilo era julgamentozinho para durar uns bons três minutos, já que pouco há a alegar senão o ponto segundo do Artigo 13.º (Princípio da Igualdade) que diz:

Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.

Se se é discriminada por ter sexo, meus amigos!!, o problema é todo vosso! Ter tido uma relação de tal índole em 1987, não fará de vós mamíferos sexualmente activos e nem sequer seres cumpridores das mais básicas necessidades fisiológicas de que foi dotado o ser humano!
Mas tenho para mim que algo se passa aqui. Já não focando muito a avultada maquia necessária para um evento que, julgo eu, existe com o intuito de promover o desporto e manter minimamente limpos os organismos dos jovens.

E não, desta vez não nos prendemos com questões homofóbicas.

A minha primeira acção de rebelião será um telefonemazinho ao energúmeno responsável pela organização, espetando-lhe (as minhas aspas que actuem) no focinho meia-dúzia de coisinhas que metam palavras das quais eu não tenho muitas certezas mas que enriquecem todo um discurso e desorientam o analfabeto do atrasado do mentecapto do receptor.

Não me torrem a paciência!

4 comentários:

joana disse...

um dois três

Anónimo disse...

Eu sinto-me ultrajada. Também sei que nada sei, contudo, neste preciso instante, não tenho de certeza a certeza de não ser ateniense ou grega. De facto, parece-me possível, perante esta realidade, ser a qualquer momento qualificada de despojo de guerra.
Talvez os elementos das equipas femininas que percam os jogos estejam destinadas aos grandes vencedores masculinos, qual guerra do Peloponeso.

Eu ofereço desde já os meus serviços de consultoria jurídica, para que possas espetar no focinho dos responsáveis mais algumas palavras desorientadoras e severamente punitivas.
Mais ainda, proponho uma reclamação e um recurso hierárquico impróprio, para que os obriguemos a uma resposta por escrito que poderá sempre ser publicada num qualquer blog ou mesmo jornalito!

(uffa, já o expeli finalmente)

. disse...

Eu proponho o vomito punitivo, essa figura de renome da autotutela, qual cereja em cima do bolo jurídico. Primeiro dão-lhe com os fundamentos constitucionais, e depois com o que há de mais profundo em vós, no que à função digestiva concerne, abortando-a nesse momento crucial, que é o entranhar da bílis naquilo que foi já objecto de deglutição voraz, pelas vossas goelas cansadas de atacar quem ousa ultrajar-vos por aí!

Espero ter sido suficientemente gráfica.

filipe disse...

Consterna-me tão avassaladora punição, por via gástrica, sem direito a contraditório. Proponho como teoria alternativa, qual Nogueira Pinto em defesa do Senhor Doutor, que tudo não passa de um perspicaz plano da bendita organização visando proteger o interesse dos munícipes.

Vamos colocar como hipótese que uma equipa de gajedo não tem, tipicamente, menos perícia futebolística que uma equipa masculina, mas tem sempre algo mais: generosos pares de mamas que saltitam ao ritmo acelerado das atletas.
Pelo estudo do evento, em anos passados, sabemos que durante as horas de prime-time aquele conjunto de praias tem uma população móvel estimada em 10.000 pessoas. Assume-se que apenas 20% assistam aos jogos da bola. Está também documentado - bué cientificamente! - que o rácio de indivíduos mono vocabulares e pessoas com perturbações mentais não negligenciáveis, na faixa costeira compreendida entre Mafra e São João da Madeira, ultrapassa os 40% na população masculina e os 15% na feminina. Assumindo que a distribuição de sexos na população fixa nacional é de aprox. 45% machos, 54% femeas e 1% de não-sabe/não-responde, podemos extrapolar que estejam a assistir, em qualquer momento aleatório dos jogos disputados no horário mais movimentado, não menos que (j x 0.18) + (j x 0.096), onde j = 2000, rebarbados!

Minhas amigas, isto seriam, nem mais nem menos, 552 punheteiros a esfregarem-se na pessoa mais próxima, bem como na logística, cada vez que uma equipa marcasse golo. Nem sequer é condição necessária que seja a equipa deles. Foi esta javardeira que, teorizo eu, a organização teve em conta ao colocar as equipas femininas nas alturas em que há menos espectadores na praia.
Dizem voces "ah e tal mas isso então, além de não contra-argumentar a atitude sexista , é paternalista e advém de uma moral dúbia, da qual eu não partilho porque sou bué da liberal, e não preciso que entidades estatais me protejam da fauna que rasteja pela região oeste. morram todos. filhos da puta."
Concordo. No entanto a organização não estava a pensar na VOSSA protecção ao colocar os jogos femininos fora do prime-time. Estava sim a pensar na contenção orçamental do departamento de higiene e limpeza do municipio após
o término do evento. Há coisas mais importantes na vida que a paridade e pela primeira vez vejo uma entidade pública empenhada em não esbanjar o imposto alheio por dá cá aquela palha. Palminhas.