segunda-feira, 16 de julho de 2007

Manifesto Anti Publicidade - Acto I

Ao deslocar-me pela cidade, na minha despreocupada condição de transeunte, tenho vindo a reparar nos mais recentes outdoors que a Super Bock mandou afixar. Com certeza que vós também haveis já reparado nestes singelos cartazes que proliferam por Lisboa e que parecem auto-reproduzir-se, quais fungos ou vírus indesejados.

Mostro, então, a obra de arte publicitária sobre a qual aqui gloso.

Advirto, desde já, que não sou médica ou curandeira e que me exprimo enquanto leiga nas questões da saúde. Todavia, não posso deixar de constatar que a mocita parece, de facto, padecer de alguma enfermidade. Ora, se não, como explicar os visíveis sintomas que passo a enumerar: a testa suada e rígida; a desproporção e inchaço do abdómene e caixa toráxica; a anormal coloração dos lábios e maçãs do rosto e, por fim, a postura curvada e assimétrica.
Deve ser à sua condição de enferma que se deve o uso do tratamento milenar chinês do cupping do fogo, isto é, o uso do vácuo para a sucção da pele da paciente através da aplicação de copos de vidro. A Super Bock fez uso de um método alternativo e aplicou uma garrafa de cerveja, talvez esteja em poupança de recursos face aos baixos lucros que tem obtido no mercado.
Recuso-me a acreditar que seja outro o motivo pelo qual esta jovem se encontra nestes preparos humilhantes e deduzo que terá sido a falta de meios para financiar o tratamento que a terá levado a expor-se desta vil maneira.

Não aceito qualquer acusação de exploração ou misoginia, apelo, aliás, a todos os médicos versados em Medicina Chinesa ou outras formas de cura alternativas que se voluntariem para tratar esta pobre e respeitável donzela.
Sugiro o recurso ao método da acupunctura, aplicado directamente no nervo óptico da senhora e dos responsáveis pela campanha, que terão sido, de igual modo, infectados. Espero, sinceramente, que umas agulhinhas nos olhos tratem todos os problemas que os perturbam e exprimo a minha solidariedade para com todos eles.

E, assim, declaro o início das hostilidades e incito à revolução e insurreição imediata contra a ditadura publicitária e, claro, contra os microrganismos indesejáveis.

3 comentários:

. disse...

Achas que a senhora está embrochada? :0

filipe disse...

É um infortúnio que o consumo de má publicidade, ao contrário de cerveja de merda, não seja opcional. Ficai atentas que também anda por aí uma versão masculina do cartaz. Quisesse eu ver um retardado com uma garrafa presa à língua, qual brochista em estágio profissional, e o responsável pela campanha estaria de parabéns.

R disse...

Eu enchia a de cuspes!