terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Don´t follow the Leader

Não podia deixar de registar aqui a grande notícia deste mês de Dezembro, publicada num artigo, repleto de brilhantismo jornalístico (e não só), do Jornal Sexta - Líder dos UHF apresentou queixa contra fã que o persegue.
Não estão a ler mal, é mesmo verdade, não sei aliás se não será mais correcto afirmar ser esta a grande notícia do ano, o marco informativo que nos transportará até ao novo ano que se aproxima: os UHF têm um fã. Na verdade, é uma fã e está envolta numa relação vertiginosa com António Ribeiro, a qual, quicá, será mote para mais um biopic, de seu nome Out of Control ou Tó Dylan.
Pois é, ao que parece, esta fã tem perseguido António por tudo quanto é sítio. Como refere O Grande Líder, ela tem rondado a sua área de residência, frequenta as suas livrarias, o seu banco e até o seu posto de correios. Perante isto é inegável que Tó é vítima de uma perseguição sem tréguas, se o posto de correios já não é um local seguro, em lugar algum estará a salvo.
A fã também envia mensagens recorrentes para o “móvel da banda”, o qual, diz António, que “simplesmente não pode desactivar (...), porque é por ele que passam todos os contactos de trabalho”. Seria uma demanda sem fim comunicar um eventual novo número aos vastíssimos contactos dessa banda de grande envergadura e projecção internacional que são os UHF. Não basta o pobre coitado ter de andar de jornal em jornal a contar a sua história, que com tanto esforço tentou manter em privado e não bastam as idas regulares ao Ministério Público, para cooperar na investigação?
O cantor foi mesmo “perseguido de carro de uma forma criminosa”, foi alvo de duas tentativas de atropelamento das quais saiu ileso. Sugiro mesmo que considere uma carreira de duplo de cinema ou de desportista radical e que não se deixe ficar pela música e pela escrita, desperdiçando este talento, talvez o único.

Mas não façamos troça da desgraça alheia, porque este é um problema grave. Se não acreditam nas minhas palavras, então cito-vos algumas d´O Grande Líder:
- “Eu estou num café a ler um livro do Lobo Antunes, por exemplo. E ela está no mesmo café, ao longe, vê, e à noite manda-me uma mensagem a dizer: «Estou a ler o mesmo livro que tu, temos os mesmos gostos»”;
- “Até a minha mãe, que tem 78 anos, recebe chamadas telefónicas anónimas”;
- “Deixei de fazer muita coisa na minha vida, deixei de sair tanto à noite, para não ter que andar a fugir... tenho a minha vida estilhaçada”.

António diz mesmo que “há muito tempo que isto já não tem nada a ver com música”, que é uma patologia. Ora, sem querer constatar o óbvio, parece-me que com música é que nunca teve a ver. Não sou grande conhecedora da discografia dos UHF, mas penso que é seguro dizer que o apelo não terá, com certeza, sido esse. Terão sido os caracóis, qual Michael Bolton português? Não sei, mas a verdade é que há por aí uma fã de UHF e de António Ribeiro e essa parece-me ser a verdadeira patologia a tratar, a partir daí, tudo o resto se resolverá sem demoras.

Mas finda toda esta análise não consigo evitar a questão que se impõe – Será que os UHF e António Ribeiro deveriam processar a única fã que lhes resta? Parece-me um acto um tanto ou quanto suicida, talvez também ele deva ser sujeito a uma análise psiquiátrica. Quer dizer, querer acabar, assim sem mais, com todo o seu mercado discográfico não me parece muito são, talvez seja mais acertado optar por mudar o número de telefone e avisar os contactos.
Mas, justiça seja feita a António Ribeiro que, apesar de nos ter martirizado com a sua música durante décadas, conseguiu finalmente fazer algo de positivo na sua vida, mais que positivo, heróico: pôr uma fã de UHF a ler António Lobo Antunes.

5 comentários:

inês disse...

não posso ficar indiferente a este tema, estou perdida de riso outra vez. tanto não pude, que apanhei o jornal de uma escada rolante na estação de metro da baixa, abri-o enquanto descia até às máquinas de bilhetes, vi a notícia, ri-me, tirei o bilhete e fui andando para a plataforma.
a buzina tocou e toda a gente começou a correr; por isso, fechei o jornal e, ainda com um sorriso na cara, rompi metro adentro e sentei-me muito depressa para me poder rir mais com todos os factos que me faltava saber.

quando levantei os olhos, estava na linha errada e senti-me uma imbecil.

o sr. Ribeiro podia pôr uns óculos e uma peruca para a fã não o reconhecer. ah, espera, não, desque isso ele já tem e, pelos vistos, não resulta. isto não é apenas uma questão dos contactos vastíssimos da banda, Deus me valha!, é uma questão de mudar todo um visual mítico que deu uma trabalheira a amadurecer até ficar como está, "au point". eu até percebo.
e sim, genial, uma perfeita exibição de artes circenses, pôr a senhora fã a ler coisas sem ser a Maria.

agora ele já não pode olhar como é a rua do carmo, ele já nem ver conseguia.

inês disse...

rimens, dudenz!

joana disse...

Perante este comunicado proveniente de uma publicação de tão elevado gabarito, resolvi pegar em minha pessoa e no meu indubitável dom em escavar no fóssil em que se tornou a mentira e investigar o caso. Do que descobri acerca de António Ribeiro e seus pupilos, abaixo toda a verdade explanarei:

Facto Primeiro: Os UHF não têm um/a fã.

A senhora que, embebida em equívoco, alegadamente perseguirá António Ribeiro é, na verdade, uma acérrima fã de Serafim Saudade e dos tempos áureos em que este espalhava magia n'O Tal Canal.

Facto Segundo: A jovem confusa não ronda o banco de esperma de António Ribeiro.

Na realidade, o (não muito) vocalista dos úagáéfe foi, em tempos, uma mulher, o que inviabiliza a potencial produção desses tão valorosos bichinhos causadores da desgraçada nascença de tudo o que é ser humano.

Facto Terceiro: António Ribeiro não lê Lobo Antunes.

As fontes não identificadas não mentem (e raramente de enganam): uma distracçãozita do Tó permitiu que esta que vos informa pudesse espreitar a verdadeira capa que encapa (adoro estas coisas) a presumível obra: Não! não é o Cus de Judas, não! não é o Fado Alexandrino! É, veramente, o beast-seller I'm in love with a Pop Star, desse mito vivo da literatura portuguesa, Margarida Rebelo Pinto.
Será caso para afirmar que António Ribeiro lê tanto António Lobo Antunes como este ouvirá UHF.

Facto Quarto: A presumível molestadora do gentil-homem não o será nem por sombras. Foi, na realidade, levada ao extremo de, ela sim, ter sido malevolamente lograda por uma ésseémeésse (aka sms)do Tó Ribas que, despudorado e obsceno, terá escrito "agora,agora,agora,agora tu és um cavalo de corrida!"(sic)

Um nojo!

Limpemos, pois, o nome desta vítima que, sem qualquer intento, se viu enrodilhada numa teia de mentiras e foi confundida por uma reles groupie e, pior!!, dos UHF!

Despeço-me com amizade*

. disse...

lolololololololololololooooooooooooooollllolololol

Anónimo disse...

há poucos minutos um amigo falou-me dos hilariantes factos com uma suposta maluca pelos huf/amr.não quis acreditar e vai daí,vim à net.consultei o caso e acabei por passar os olhos pelos comentários que para aqui andam espalhados.objectora, partiste tudo sem piedade.és mazinha mas tens sarcasmo qb e escreves muita bem ...
rua do carmo,mulheres à espreita...lol