Não querendo acumular mais raiva e ansiedade, com medo, aliás, terror de me transformar numa artista autodidacta maldizente de mulheres, resolvi partilhar a minha frustração de saber que esta é a única cartunista mulher, em Portugal, com um espaço editorial minimamente visível. De facto, não conheço e, sim, já tentei conhecer, mais nenhuma cartunista com expressão em publicações portuguesas. Dúvido que elas não existam, ainda que me tenha sentido numa caça aos gambuzinos, simplesmente não lhes é dado o mínimo crédito ou atenção, como seres humanos dotados de vagina que são. Esta coisa da vagina dá-nos alguns dissabores, não fosse termos orgãos sexuais internos e teríamos a visibilidade e credibilidade deveras incrementadas, passo os trocadilhos.
Ao que parece, este oximoro é mesmo insolúvel para Maitena, insolúvel e inútil - por quê ser uma profissional de sucesso feminista, quando posso ser uma machista profissional de sucesso? Assim, Maitena presenteia-nos, semanalmente, com os seus pequenos apontamentos de atenta observadora do universo masculino, sim, desta vez não me enganei. Ao que parece, é muito mais simples perpetuar os estereótipos incorrectos que os homens vêm exprimindo a respeito da mulheres, plasmando-os em tiras desenhadas como se de piadinhas geniais e inovadoras se tratassem.
Desta forma, tudo se torna mais simples, parece um bolo de cozedura instantânea, como diria ela – a nova arma da mulher moderna: vamos estupidificar-nos em massa e estupidificar as massas, sorvendo e regorgitando ainda mais testosterona para o mundo.
Para terminar cito e gloso uma frase que me apraz bastante – “I became a feminist as an alternative to becoming a masochist.”
A Maitena ficou-se pelo masoquismo, pena que não se tenha quedado pela auto-flagelação na privacidade de sua casa, cozinhando o jantar sempre a horas para o marido quiçá.
Veja do que Maitena é capaz: http://www.rocco.com.br/maitena6.htm#